quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O caso Jane Eyre

Leio muita coisa, vou encontrando livros maus (felizmente raros), mais ou menos (muitos), ou fantásticos, este pertence à última categoria. Em principio é um policial com uma detective a tentar impedir que um criminoso cumpra uma ameaça terrível, mas também é muito mais do que isto.

É um livro sobre os livros, a nossa heroína é uma detective na divisão literária da polícia, os criminosos que ela persegue roubam e falsificam manuscritos, tomam primeiras edições como reféns e imaginam planos diabólicos para arruinar grandes obras para sempre.

A ideia de policias e criminosos a enfrentarem-se por causa do rapto de um poema parecer um pouco peculiar mas este livro consegue fazer com que ela funcione, na realidade que o autor imaginou a literatura é vital. Existem clubes de fãs, partidos, ideologias que distribuem panfletos e fazem manifestações, máquinas que recitam autores famosos por uma moeda, tudo à volta da literatura.

Neste mundo tão literário é natural que uma invenção que permite atravessar a barreira entre a realidade e as páginas seja terrivelmente importante e provoque uma bela confusão. E é isso mesmo o que vai acontecer quando um criminoso famoso decide aproveitá-la para ameaçar histórias personagens.

Felizmente a nossa heroína está decidida a levar este caso até ao fim, com a ajuda de um tio com talento para as invenções mas uma imaginação sintonizada num comprimento de onda ligeiramente diferente das outras pessoas, um pai distante mas que pode aparecer para um minuto de conversa em qualquer altura (fácil para quem trabalha na divisão da polícia encarregue da história e viagens no tempo, na verdade ele não tem outra escolha senão fazer isso, acidente de trabalho...) e um dodó de estimação (a famosa ave extinta recuperada graças à engenharia genética, disponível num "kit" para fazer em casa a preços módicos).

É um dos livros mais divertidos que já li, não podia ser de outra forma, conseguem imaginar um livro aborrecido com dodós de estimação?

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