terça-feira, 23 de novembro de 2010

O negócio do 2012

Noutro dia andava a ver o que havia de novo nas primeiras páginas dos jornais na hora do almoço quando reparei que uma revista tinha decidido dedicar a sua capa ao "fenómemo" 2012, folheando um pouco vejo que decidiram fazer uma reportagem à volta das pessoas que divulgam e vendem a ideia de que algo de catastrófico vai acontecer em 2012.

Não li a reportagem mas já conheço a ideia por detrás desta moda, basicamente consiste em prever que vai acontecer alguma coisa a 21 de Dezembro de 2012. Quem quiser alimentar os bolsos de adivinhos, espiritualistas e outros tem montes de previsões por onde escolher no mercado entre vários tipos de fim do mundo e transformações espirituais.

É fascinante ver este "efeito de manada", como as pessoas vão atrás umas das outras e uma moda acumula cada vez mais adeptos e variações conforme vai crescendo. E este caso é engraçado por causa da razão da escolha desta data em especial, à primeira vista podemos pensar que foi fruto de alguma profecia apocalíptica que ganhou fama e começou um efeito "bola de neve".

Não foi exactamente isso, no fundo, na origem disto tudo, não há sequer uma profecia ou escrituras ou algo desse género. O que há é uma inscrição danificada num monumento Maia, traduzir e tentar perceber o que os autores dela queriam dizer não é fácil, faltam pedaços e não temos nenhum Maia da época à mão para nos explicar o contexto do que conseguimos ler. O que se pode extrair dela é que os construtores acharam boa ideia escrever que algo relacionado com um deus iria acontecer no fim de um dos ciclos de um dos calendários deles.

É o equivalente Maia do nosso ano 2000, ou dos 100 anos da República que festejámos este ano, é uma data simbólica, talvez para ser festejada com um feriado ou festival, ou talvez imaginassem algum acontecimento divino para ela, não sabemos quais eram as intenções deles para ela e provavelmente nunca vamos saber.

Só sabemos que ela equivale a um dia em Dezembro de 2012 (há duas hipóteses muito prováveis e 21 é uma delas), que não é a única data a receber a honra de uma inscrição num monumento, e que certamente não é uma previsão do apocalipse pois algumas das inscrições Maias conhecidas falam de datas posteriores a esta.

O que quer dizer que todo esta industria do 2012 foi construída em cima de um grande bocado de nada, os gurus, adivinhos e estúdios de cinema que cavalgam esta "onda" têm mesmo um grande faro paro o negócio.

E o negócio não vai acabar nesse ano, como todos anos terá os seus problemas e crises (este ano por exemplo tivemos o terror do endividamento), os mais espertos irão certamente pegar numa delas e dizer que era aquilo que tinham previsto este tempo todo, depois é fazer uma nova "fornada" de teorias para uns anos mais à frente e continuar a ganhar...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Olha o material radioactivo. É prò menino e prà menina...

Estava a pensar em escrever sobre outra coisa mas isto merece um post antes de tudo. As lojas já se estão a preparar para a grande onda de consumo natalício, em breve vamos andar a espremer os miolos a ver se conseguimos imaginar um presente para aquela pessoa que já tem tudo.

Com um pouco de imaginação havemos de conseguir sempre encontrar algo original, mas por mais que tentemos acho que nunca havemos de encontrar algo tão original quanto isto:




Este parente dos estojos de química foi fabricado nos anos inicio dos anos 50, equipado com instrumentos, um folheto "Como procurar urânio", um livro para apresentar as maravilhas do átomo às crianças, e amostras de autêntico material radioactivo para os pequenotes se divertirem a experimentar com a radiação. É claro que o material ia perder a sua potência ao longo do tempo, por isso cada estojo trazia o seu cupão para preencher e encomendar mais algum, juntamente com um aviso bem claro de que não haveria entregas sem o cupão bem preenchido! Aquele material não era para todos, só os que tivessem um pai rico o suficiente para gastar dinheiro nisto.

E para as famílias Americanas dos anos 50 isto era um brinquedo realmente caro, e para as crianças talvez não fosse tão espectacular e impressionante quanto os estojos de química comuns, o material era bastante fracote, quem pegasse nisto não ia conseguir fazer nada de perigoso.

Sendo terrivelmente caro e a concorrer com outros brinquedos mais divertidos e menos cerebrais, foi retirado do mercado depois de apenas 2 anos. Hoje em dia ainda é possível encontrar alguns em leilões onde são peças de coleccionador cobiçadas.


É uma daquelas coisas nada práticas mas que nos fazem sorrir com a ousadia da ideia, um brinquedo com material radioactivo incluído!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

S. Martinho e outras coisas

Temos milénios de história recheados de acontecimentos e 365 (ou 366) dias no dias em cada ano, por isso é sempre o dia de que qualquer coisa e às vezes temos sobreposições curiosas.

Hoje. por exemplo, foi o dia de S. Martinho, dia das castanhas assadas e da água-pé, que por acaso também foi o dia do nascimento de um escritor Russo famoso, Fyodor Dostoyevsky. Para além disso (entre outras coisas) é o dia da independência da Polónia e de Angola e o dia do fim da 1ª Guerra Mundial.

Depois de alguns dias de negociações os representantes chegaram a um acordo às 5 da manhã de 11 de Novembro e as mensagens a anunciar o fim dos combates às 11 do mesmo dia começaram a ser enviadas, oficialmente a guerra terminava às 11 do dia 11 do décimo primeiro mês do ano.

Mesmo só com uma manhã de guerra ainda houve tempo para mais alguns milhares de mortos e feridos enquanto as mensagens chegavam e eram lidas, um dos mortos foi George Edwin Ellison que tinha conseguido sobreviver à guerra desde as primeiras batalhas em 1914, depois de anos a escapar a balas, bombardeamentos, gás e todo o tipo de perigos, foi atingido às 9:30.

Comi as minhas castanhas assadas no aniversário de Dostoyevsky enquanto os Polacos e os Angolanos comemoravam a independência, no mesmo dia em que o George quase sobreviveu à 1ª Guerra Mundial.

domingo, 7 de novembro de 2010

O queijo mais saudável do mundo - Casu Marzu

Quase a partir para um belo sono ainda tenho um momento para partilhar uma descoberta que prendeu o meu interesse nestes últimos minutos.

Aqui está uma maravilha alimentar, o queijo mais saudável do mundo (pelo menos nunca vi nenhum tão saudável), o "Casu Marzu" da Sardenha.



É um queijo que tem uma textura e um sabor muito próprios por causa do processo de fabrico original, começa como um queijo normal que depois recebe uma quantidade de larvas de mosca, as larvas alimentam-se no queijo e deixam-no com o seu "gostinho especial".

Quem quiser experimentar deve mastigar bem para não engolir muitas larvas vivas, ou colocar o queijo dentro de um saco fechado para as sufocar, segundo a Wikipedia, elas saltam para tentar escapar, quando deixamos de as ouvir a bater no saco o queijo está pronto para comer!

Não tenho dúvidas que isto é comida muito saudável, o raio do queijo está vivo! Querem mais saudável do que isso?

Se alguém quiser experimentar, força, eu não tenho muita vontade, não tenho problemas com comida que me faz saudável, mas quando a comida é saudável o suficiente para dizer "olá" do prato já é outra história...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Sódio - um amigo divertido

Hoje fiz uma viagem de volta às aulas de química, cortesia do YouTube, o Sódio é um material fantástico, basta ter um pouco de água e temos um espectáculo instantâneo.

Mas melhor do que contar é mostrar, aqui está um exemplo com pedaços pequenos e precauções e tudo mais, parece uma experiência divertida.



E ainda melhor, a versão "Polacos malucos", com pedaços maiores e menos protecções, simplesmente larga aquilo dentro do balde de água e CORRE, CORRE, CORRE!



Mas a melhor de todas foi a feita pelo governo dos Estados Unidos em 1947, há barris deste material perigoso que já não são necessários? Não há problema, basta rolar o barril até um lago e está tudo resolvido, isto sim é uma experiência química espectacular!