segunda-feira, 29 de março de 2010

Os ídolos

Ontem de manhã, antes de sair para o trabalho, liguei a televisão por uns minutos e vei as noticias. Normalmente não passam nada de interessante, mas desta vez houve uma coisa que despertou a atenção.

Temos uma associação de ateus, que aproveita para lembrar que os gastos e a febre à volta da visita do papa serão um pouco excessivos.

Provavelmente não mudarão a opinião de muitas pessoas mas até terão razão. Ás vezes as pessoas desligam a parte racional da mente e dão uma importância pouco saudável a pessoas que são apenas seres humanos de carne e osso como todos nós. Jogadores de futebol, músicos, actores, místicos e outras figuras espirituais, costumam provocar este efeito.

É um efeito perigoso, os fãs esquecem que os seus ídolos são mortais, e assim podem engolir um belo disparate só porque vem da boca do "grande", apesar de ele nem perceber do que fala.

E neste caso é ainda mais perigoso, uma figura religiosa ganha uma certa aura de legitimidade, apesar de a pessoa por detrás ser tão humana e falível quanto as que a veneram.

Para evitar cair nesta armadilha temos de tentar não levar os nossos ídolos demasiado a sério, tentar olhar mais para as ideias do que a pessoa e não esquecer que no fim o mundo real tem sempre a última palavra...

sexta-feira, 26 de março de 2010

O excêntrico

Vou espreitar as noticias e reparo nisto:

http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/8585407.stm

Um matemático Russo resolveu um problema que resistia a todas as tentativas desde o inicio do século XX e ganhou um milhão de dólares, bravo!

Mas há um pequeno problema com o pagamento...

Ele simplesmente não quer aceitar o dinheiro, vive num apartamento pequeno com a mãe, não quer falar com os jornalistas, não quer um milhão de dólares. É um excêntrico a sério, a maior parte das pessoas não resolvia o problema, talvez usando a desculpa de "não estarem interessadas no dinheiro" para nem sequer tentar ou então, se conseguissem resolver, aceitavam o milhão e a fama sem pensar duas vezes, mas ele é único, enfrenta o desafio para depois recusar a recompensa.

Bem, se ele quer que as coisas sejam assim temos de respeitar a escolha dele, talvez daqui a alguns anos ele lamente não ter aceitado o dinheiro, mas o que importa é que ele decidiu tentar viver sem o milhão, por isso o melhor é dar o prémio para a caridade ou algo do género.

Boa sorte Grigory Perelman, espero que te consigas livrar dos jornalistas que batem à tua porta e viver como queres, os outros podem achar que fazes uma bela asneira mas no fim é a tua vida, a tua escolha.

segunda-feira, 22 de março de 2010

E mais uma travessia

Domingo vesti o fato de treino e fui atravessar a ponte de 25 de Abril juntamente com mais uns milhares de pessoas.

Algumas fotos, uma oportunidade para fazer exercício, ver o nevoeiro a esconder uma margem do rio debaixo de mim, sentir a ponte mover-se com o vento como uma criatura a respirar, respirar um pouco da atmosfera do evento, do dia especial...

Boas razões para acordar cedo numa manhã de Domingo.

quinta-feira, 18 de março de 2010

A luz do oriente

A maior parte dos livros aterra na minha pilha "para ler" vindos da Fnac ou da Tema, mas de vez em quando também aparece um presente de Natal ou de anos, como este, "A luz do oriente".

Era uma vez um escritor que queria mostrar uma fatia do império romano, achando que precisava de um fio condutor para dar sentido às coisas criou Félix, o fantástico jovem da Hispânia com o superpoder de viajar impulsionado por embrulhadas.

Por exemplo, no inicio do livro passamos algum tempo na Hispânia, chega a hora em que já chega disso e é preciso seguir para Roma? Não há problema, o escritor plantou um romance entre o nosso herói e a mulher do tio algumas páginas atrás, bastam mais umas palavras para o tio descobrir a coisa e pronto, uma boa razão para partir.

Vai sendo assim em todos os lugares por onde Félix passa, aterrar, descrever, bolotas-estou-metido-noutra, partir.

E pelo caminho umas conversas sobre religião, tema que agrada ao escritor. O cristianismo já apareceu mas ainda não domina, por isso os romanos ainda têm bastantes escolhas. Ás vezes penso que era bom termos essa variedade na nossa sociedade também, tornava o nosso mundo um pouco mais colorido...

sábado, 13 de março de 2010

Uma pequena conversa entre eu e eu

Hoje encontrei isto, http://chayden.net/eliza/Eliza.html uma versão do ELIZA, um programa concebido nos anos 60 para conversar com pessoas, respondendo ao que elas escrevem no teclado.

Isto não quer dizer que o autor descobriu uma maneira de transformar os computadores em seres inteligentes, o programa funciona "simplesmente" devolvendo à pessoa o que ela escreveu numa forma diferente.

Por exemplo, "Gosto de chocolate." transforma-se em "Porque gosta de chocolate?", é uma conversa entre a pessoa e ela própria, um espelho. Uma oportunidade para dar uma forma mais sólida aos nossos pensamentos e os examinar, ou apenas para nos divertirmos e ver onde estas conversas, ás vezes surreais, nos levam.

Dito assim parece rudimentar, somos capazes de pensar que uma pessoa vai só escrever uma frase ou duas e desistir quando perceber o que se está a passar. Mas não é isso o que acontece, as pessoas com um estimulo inicial e algumas respostas podem falar e falar. A nossa imaginação pode pintar todo o tipo de quadros a partir de um punhado de palavras.

Entretanto já surgiram outros programas do mesmo género, mais elaborados, mas esta primeira versão ainda consegue ser bastante divertida e uma oportunidade para uma boa conversa entre eu e eu ou tu e tu...

quinta-feira, 4 de março de 2010

Titanicus

Passo os olhos pelas estantes da Tema e um nome na lombada desperta a minha atenção, "Titanicus", já tinha ouvido falar disto, qualquer coisa com robots do tamanho de prédios (dos grandes, daqueles mostrengos de betão que tapam tudo) e impérios galácticos.

Bem, um livro destes pode ser muita coisa mas não será aborrecido por isso lá vem ele para a minha pilha para ler de onde sai algum tempo depois.

Bem, já chega de apresentações, vamos ao livro.

Ano 40.000 e qualquer coisa, a humanidade chegou às estrelas, teve os seus momentos de glória e agora atravessa momentos complicados debaixo de um império decadente, burocrático, fanático, dogmático, o género de sitio onde o imperador é venerado como um deus e tem um palácio com um chuveiro revestido a ouro do tamanho do estádio da luz.

Um dos planetas deste império serve de casa a um grupo de sacerdotes da tecnologia que veneram um deus dos computadores e dos reactores e que trabalham afincadamente para produzir toda a espécie de armas de que um pobre império xenófobo precisa para sobreviver nesta galáxia cheia de ETs (muito) carnívoros.

Ou melhor trabalhavam, pois acabam de receber visitantes indesejados e bastante mal educados, robots gigantes corrompidos por uma força de outra dimensão ou algo do género. Obviamente é necessário arranjar maneira de mandar estes indivíduos mal encarados embora, mas como?

Pedir que saiam não resulta, são robots gigantes muito grosseiros. Um bombardeamento a partir de uma nave espacial em órbita é demasiado simples e eficiente para este império supersticiosamente burocrático.

A maneira usada para expulsar estes indesejáveis vai ser enviar um par de regimentos de robots gigantes ao serviço do império, com escudos de energia e armas que cospem raios, granadas e todo o género de coisas explosivas desagradáveis. E já agora com bandeiras a proclamar a glória do império e do regimento e nomes pomposos em latim macarrónico (ou talvez genuíno, não sou um grande perito nessa matéria).

E assim, com combates entre titãs (daí o titulo) de metal bastante bem escritos que divertem o leitor e outras aventuras acessórias de pobres soldados e cidadãos comuns apanhados nesta confusão, as páginas vão passando até um final um pouco abrupto.