terça-feira, 16 de abril de 2013

A história dos porquinhos Troico


Era uma vez uma terra de porquinhos com um problema, todos os anos precisavam de construir um orçamento e como isso estava a custar uma pipa de massa e a economia local não era tão forte como isso, estavam a ficar bastante endividados.

A divida é uma coisa muito engraçada, há tempos em que é algo para se ir eventualmente pagando e sinal de actividade económica, há outros em que é algo para pagar completamente e sinal de desleixo, dependendo da teoria que cair no goto dos porquinhos economistas a mesma divida tanto pode ser uma coisa como outra.

Infelizmente a teoria do momento era a da divida má, que é preciso pagar toda e rápido, e por isso chegou-se a um estado de grande pânico com o pavor de não haver dinheiro para a pagar. E é aqui que os três porquinhos Troico entram na história, Coelho, Gaspar e Relvas. Os três não perderam tempo a espalhar a noticia de que tinham a solução.

Os orçamentos estavam mal feitos, diziam eles, cheios de gordura, estava-se a gastar em coisas inúteis, e a gastar demasiado até nas úteis. Culpa do porco chefe, um aldrabão de primeira que até tinha um curso que cheirava a esturro. Era preciso por os porquinhos Troicos à frente e rápido, para que eles passassem a fazer orçamentos magros e a poupar rios de dinheiro à Porcolândia. E nada de receios, isto seria para fazer em conjunto com porquinhos estrangeiros, muito mais rigorosos e acertados do que os locais.

Um discurso muito bonito, e assim conseguiram o controlo das coisas, e o plano do maravilhoso orçamento magro foi posto em prática...

E algo estranho se passou, os outros porquinhos logo viram que o suposto orçamento magro não fazia diferença para melhor na sua vida, até lhes pediam para pagar mais. O que tinha acontecido aquelas poupanças todas que supostamente apareciam depois de tirar as gorduras? E o porquinho Relvas? Aquele curso dele não era semelhante ao do velho porco chefe que cheirava a esturro? Como é que os porcos estrangeiros supostamente certinhos alinhavam nisto?

Paciência, paciência, disseram os Troicos, esperem e vejam os próximos orçamentos...

E veio o último orçamento, tão custoso quando os outros, e para além disso feito com uns materiais suspeitos. Troicos, perguntaram os outros porquinhos, isto não é palha? Vocês certamente sabem que o Tribunal Constitucional adora soprar e derrubar orçamentos de palha...

Não se preocupem, responderam os Troicos, o tribunal mau não se atreve a soprar contra nós, vão ver que tudo corre bem.

E veio o grande Tribunal Constitucional, e os Troicos fizeram-lhe caretas e esconderam-se atrás do orçamento de palha cheios de certezas e bazófias, mas o tribunal não se impressionou e disse...

Eu vou soprar e soprar, até o vosso orçamentou derrubar!

E encheu os pulmões, encheu, encheu, encheu, e soprou. E o orçamento de palha foi pelos ares, e os Troicos caíram redondos no chão à frente dos outros porquinhos. Um desastre, uma humilhação.

O porquinho Relvas levantou-se e fugiu a sete pés, até porque já tinham percebido que o curso dele cheirava tanto a esturro quanto o do antigo chefe aldrabão.

Os porquinhos Coelho e Gaspar, levantaram-se com um brilho lunático suicida nos olhos e começaram outra vez a desafiar o grande Tribunal à frente deles...

2 comentários:

  1. Uma bela história, era uma boa maneira de explicar o que se passa aos mais novos:)

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  2. Pois era, se calhar até dava para um desenho animado. :)

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