terça-feira, 14 de outubro de 2014

Dias cinzentos

Ok, não é exactamente um segredo e infiltrou-se um bocadinho no último post, por isso é melhor deitar cá para fora, os tempos felizes acabaram-se, estou outra vez sozinho e a entrar num outono  cinzento com um coração partido.

Talvez haja ainda alguma esperança, ou talvez não, se pudesse escolher voltava a tê-la, a qualquer custo.

Porque pode parecer piegas, mas a verdade é que a diferença entre estar sozinho e ter alguém é bem real, especialmente na forma de ver o mundo, passei por anos e solidão e por alguns momentos de felicidade, vi as duas coisas em primeira mão e por dentro.

A diferença não está em se perder uma coisa em particular, divertimento, conversa, ou mesmo sexo, tudo isso pode ser eventualmente conseguido ou até comprado se a falta apertar o suficiente, não, o que perdemos é o optimismo, a ideia de que o que fazemos faz parte de um futuro, de que estamos a construir algo.

Todas as coisas que aconteciam antes podem voltar a acontecer, mas agora funcionam sozinhas, é como a diferença entre uma orquestra e um monte de instrumentos soltos, até podem ser bonitos às vezes mas não chegam perto do que era a coisa verdadeira.

As coisas felizes vão-se tornando menos e os problemas piores, quando algo de bom acontece começamos a pensar se será realmente assim tão bom em vez de como nos ajuda, quando é algo de mau ganha mais força e pensamos mais em como pode trazer mais problemas em vez de como a próxima vez será melhor. Falta isso, a ideia de que o futuro vai trazer oportunidades e novos horizontes em vez de problemas. Quando olhamos para algo vemos porque pode ser mau em vez de porque pode ser bom.

E assim as coisas vão sendo cada vez um bocadinho mais cinzentas, os momentos de felicidade são mais curtos, as tristezas mais profundas, a nossa mente vai sendo um bocadinho mais cínica, até...

Até quando? Até todas as coisas boas trazerem um travo amargo logo a seguir? Até sentirmos todos os pormenores de todos os problemas de cada dia a pesar em cima de nós por mais pequenos que sejam?

3 comentários:

  1. durante muito tempo pensei assim como tu, hoje já não. aprendi que primeiro tenho que viver bem e estar bem sozinha - o que não é muito fácil porque o meu feitio até a mim me faz impressão:) - e, quando não estava à espera apareceu alguém, com quem continuo, com quem a minha vida é mais completa mas sinceramente adoro as coisas que posso fazer sem ele, as minhas amigas da associação animal (ele nunca quis embarcar comigo nisso) e depois ele tem as coisas com os amigos dele que não me interessam nada(tipo futebol e motas e coisa do género). Não sei se chamam a isso amor mas vivo bem assim, passei um bom bocado para encontrar este equilibrio, ocupo-me, gosto e estar longe dele, quando chegamos a casa estamos bem mas gosto de fazer as minhas coisas e de o não incluir em tudo. Não sei se percebes o que quero dizer com isso mas fartei-me de investir em relações que depois davam mal e depois tinhamos tudo em comum, isso é desagradável. Se estivermos muito bem sós, estamos melhor acompanhados e sofremos menos se alguma coisa der mal.
    beijinhos

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  2. Isso parece uma boa maneira de viver, mas não sei se vou conseguir isso, acho que passei muito tempo seguido e acabei por me fartar disso, por isso sinto muito a falta de alguém agora.

    E há outro problema, ela trazia uma boa dose de optimismo com ela, começo a suspeitar que não é assim que o mundo funciona e que uma pessoa tem de acabar por ser cínica ou maluca.

    Beijinhos

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  3. costumam dizer que quando deixamos de procurar alguém, alguém aparece, vais ver que encontras alguém que te encha as medidas.
    Quanto à minha maneira de viver, foi a que eu encontrei, sabes que já tive aquela coisa toda daquele amor maluco que nos arrebata, e até durou algum tempo, cheguei à conclusão que durante algum tempo fui uma sortuda porque tive aquilo que muita gente procura e não encontra e eu tive sem procurar. Mas esse amor é doido, é muito bom mas, quando acaba, deixa-nos literalmente no lodo.. demora muito tempo a passar e acho que nunca passa de todo...
    beijinhos

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