sexta-feira, 29 de julho de 2011

Tentando aprender com os livros de auto ajuda

No outro dia fiz uma passagem rápida pela Fnac e calhou olhar para a secção dos livros de auto ajuda. Até agora pareciam-me sempre uma bela treta, mas desta vez aprendi qualquer coisa com um, e sem precisar de abrir o livro sequer!

Explicando melhor, reparei na capa de um livro onde aparecia um tipo com um ar um pouco estranho, olhando com mais atenção vejo que o tipo não tem nem braços nem pernas, é uma cabeça num corpo, mas todo sorridente...

Pegando no livro e virando para ler o resumo, descubro que é suposto contar como o tipo da capa passou de uma infância lixada para uma vida fantasticamente boa apesar de não ter membros, é um daqueles livros "se ele consegue se feliz por que é que tu não consegues?".

E é uma boa pergunta, porque é que eu e muitos outros andamos aqui cansados, a ver a economia piorar todos os dias, a pensar que isto não vai acabar bem e se calhar quando chegarmos a velhos esticamos o pernil sem ninguém saber e somos devorados pelo gato, apesar de termos os nossos braços e pernas?

Porque é que não andamos todos sorridentes e fotogénicos, como ele?

Fotogénicos...

Aí está a resposta!

Aquele tipo foi um sortudo, teve um problema que lhe deu uma infância realmente lixada, mas que ao mesmo tempo não lhe estragou a fotogenia, é diferente do resto da "manada", mas diferente de uma forma "vendável", de uma forma que faz as pessoas comprar livros, ver filmes e assistir a palestras, é dinheiro garantido.

Eu não consigo, nós não conseguimos, porque não somos ele, não temos aquela combinação improvável de um problema impressionante e cara de capa de livro. Temos problemas comuns, ninguém vai comprar um livro para saber como temos tendência para nos esquecer dos aniversários ou como nos sentimos em baixo depois de uma discussão.

E certamente que ninguém vai querer por a minha cara, nada de especial que até dói, num livro!

Por isso temos de nos aguentar com as nossas dores de cabeça de tipo comum, que não nos trazem um tostão furado, por nós próprios. São reais o suficiente para nos incomodar mas pequenas o suficiente para não merecer atenção do mundo.

E assim já aprendi algumas coisas...

Primeiro, ter algo para chamar a atenção é o que importa, há dinheiro à espera de quem pode pôr uma história nos livros, nas revistas, na televisão.

Segundo, hoje em dia tudo pode ser vendido, mas é preciso poder dar um embrulho "bonitinho" à coisa. Se o problema é incomum o suficiente para dar uma boa história ou acontece a alguém famoso o suficiente é dinheiro a entrar.

E finalmente, às vezes as respostas às perguntas são as mais simples, ele consegue ser todo sorridente simplesmente porque é ele, porque é uma oportunidade de negócio em carne e osso.

2 comentários:

  1. Sobre a tua cara não sei mas q hoje tudo se vende bem embrulhadinho aí concordo contigo :s

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  2. Sim, quando era pequeno dizia, na brincadeira, que um dia vendiam o ar que respiramos, hoje em dia acho que é melhor ficar calado, não vá dar ideias a alguém... :)

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