sábado, 8 de maio de 2010

Witches Abroad

Mais um livro, fruto de uma exploração dos cantos das prateleiras da Fnac, nas profundezas do espaço sideral nada uma tartaruga gigantesca, velha como o universo, às costas traz quatro elefantes e um mundo bizarro em forma de disco.

Um mundo onde um deus pode ganhar forma e passear um pouco desde que as pessoas acreditem nele, onde a morte faz o melhor num emprego difícil (ele bem tenta ser razoável, simpático e educado mas quase toda a gente fica triste ou horrorizada por o ver...), e onde alguém está disposto a transformar uma cidade num conto de fadas bonito, onde tudo é perfeito, organizado e desinfectado.

Infelizmente a vida não se encaixa bem numa história de encantar, é demasiado desorganizada e caótica para isto. As pessoas não vão sorrir todo o dia todo, têm o hábito aborrecido de se apaixonarem por outras pessoas imperfeitas em vez de príncipes encantados, os lobos preferem andar fora da vista dos humanos em vez de devorar avozinhas.

Por isso a "solução" é fazer uso do terror e da magia, é a felicidade imposta mesmo que para isso aqueles que deviam ser beneficiados sofram, tudo para que o mundo seja bonito e ordenado.

Para parar isto temos naturalmente o herói, ou neste caso heroínas, 3 bruxas (e um gato) vindas de um pequeno reino entalado entre montanhas (dai o titulo), que preferem usar a psicologia aos poderes mágicos, sugerir e manobrar em vez de forçar e mudar.

E é esta a ideia principal do livro (para além das reacções mais ou menos cómicas de 3 habitantes de um reino rústico ao mundo fora dele), tentar obrigar o mundo a ser perfeito e bonito ou viver com ele imperfeito mas verdadeiro? Forçar e obrigar as coisas a acontecerem ou manobrar e criar o ambiente para elas surgirem por si próprias?

E tudo com as personagens e situações improváveis que o Terry Pratchett costuma inventar, como o gato, "gatinho fofinho" para a dona, um terror com o hábito de matar, devorar e acasalar com tudo o que tem 4 pernas ou menos para o resto do mundo. Patriarca de 30 gerações de gatos à volta da sua casa com as marcas dos milhares de lutas em que se meteu, um olho cego, mas o outro verde brilhante e penetrante. Como as outras personagens cedo descobrem, as garras terrivelmente afiadas e a confiança para as usar em tudo o que se move sem importar o tamanho fazem uma combinação capaz de fazer ursos aterrorizados subir às árvores...

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